A
seleção natural é um dos mecanismos básicos da evolução. De acordo com a teoria
evolutiva, uma característica vantajosa que confira uma maior taxa de
sobrevivência e reprodução é selecionada, sendo então repassada
hereditariamente e aumentando sua proporção nas populações.
A
seleção natural pode parecer, portanto, a seleção apenas das características obviamente
boas às espécies. Porém, alguns exemplos nos mostram que a seleção natural e a
evolução são muito mais complexas, como é o caso da correlação entre a anemia falciforme
e a malária em países africanos.
A
anemia falciforme é um distúrbio genético que resulta em uma alteração no
formato natural das hemácias – as células sanguíneas responsáveis pelo
transporte de oxigênio em nosso organismo. Além da diminuição na quantidade de
células sanguíneas – anemia – a alteração na função das hemácias também pode
resultar em uma obstrução do fluxo sanguíneo, causando crises agudas de dor em portadores
da doença.
Este
distúrbio é grave e não tem cura, podendo reduzir drasticamente a expectativa de
vida de indivíduos afetados. Seria de se esperar, portanto, que uma doença tão
grave e mortal fosse rara em populações humanas, mas este não é o caso.
A
incidência da mutação para a anemia falciforme é mais alta, porém, em
indivíduos que possuem apenas uma cópia da mutação. Isso porque, assim como
outras doenças herdadas geneticamente, a anemia falciforme somente produz
sintomas quando em homozigose, isto é, quando duas cópias da mutação são
herdadas – uma cópia do pai e uma cópia da mãe. Em sua forma heterozigota –
quando o indivíduo possui apenas uma cópia da mutação –, o distúrbio é assintomático,
sendo denominado traço falciforme.
Em
algumas regiões da África, até 40% da população pode apresentar uma cópia da mutação.
As altas taxas do traço falciforme são encontradas principalmente em regiões de
forte incidência de malária – doença causada pela presença de protozoários do
gênero Plasmodium na corrente
sanguínea. Esta correlação entre a incidência das duas doenças chamou a atenção
de diversos pesquisadores, que por muitos anos trabalharam em pesquisas em
busca da compreensão dos mecanismos relacionados entre as duas.
Após
muito trabalho, os pesquisadores chegaram à conclusão de que a correlação geográfica
das duas doenças se deve ao fato de que a mutação para a anemia falciforme foi
fortemente selecionada, especialmente, em populações africanas. Isso porque a presença
do traço genético para a anemia falciforme protegeria, de alguma forma, o
indivíduo da infecção por Plasmodium.
Pesquisas mais recente conseguiram explicar, inclusive, os mecanismos
biológicos relacionados a esta associação.
Sendo
assim, apesar da gravidade da anemia falciforme e dos fortes riscos à vida dos
portadores do distúrbio, possuir apenas um dos alelos para a doença traz uma
vantagem evolutiva a moradores de regiões com forte incidência da malária. Com o
aumento na quantidade de portadores heterozigotos do alelo para a anemia falciforme,
aumenta também a incidência de portadores homozigotos dos alelos, sendo estes
os portadores da anemia falciforme em sua versão mais agressiva.
Fonte:
The Lancet.
God bless you!
See you later. Take care!
Muito bom!
ResponderExcluirValeu! Obrigado!
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