quarta-feira, 1 de maio de 2019

OS VÍRUS SÃO SERES VIVOS?

Resultado de imagem para OS VÍRUS SÃO SERES VIVOS?


Afinal, os vírus são seres vivos ou não? Essa é mais uma daquelas grandes questões da biologia que permanece sendo alvo de intensos debates e aos poucos a comunidade científica vai chegando a um consenso.

De um lado alguns defendem que não e alegam que eles são seres inanimados que necessitam de uma célula hospedeira para se reproduzirem, além de não possuírem uma estrutura celular – isso é o que você provavelmente aprendeu na escola. De outro, há evidências cada vez mais fortes de que os vírus são sim seres vivos. Vamos conhecê-las?

Um estudo publicado na Nature em 2008 mostrou que os chamados mimivírus – vírus gigantes que infectam bactérias – podem ser infectados por outros vírus chamados de Sputinik. O fato de que alguns vírus podem adquirir doenças causadas por outros vírus, portanto, é umas das evidências que contraria a ideia de que eles são seres inanimados.

Ainda, ao contrário da maior parte dos outros vírus, os mimivírus são capazes de produzir proteínas complexas – mais um ponto que reforça sua classificação como um ser vivo.

Cientistas também descobriram que os mimivírus possuem um sistema de defesa muito similar ao sistema CRISPR, encontrado em bactérias e outros microrganismos – isso mesmo, o sistema que deu origem à moderna técnica de edição de genoma. Vale lembrar que os vírus também compartilham um mesmo tipo de código genético com os organismos que chamamos de seres vivos.

O compartilhamento de características com os seres, considerados, vivos leva os cientistas a crerem que os vírus fazem parte da chamada árvore da vida e dividem com os seres vivos, também, uma história evolutiva. Um estudo de 2015 publicado na Science Advances também encontrou evidências que suportam a hipótese de que eles são entidades vivas que compartilham uma história evolutiva com as células que conhecemos hoje.

Por isso, considerando a definição de seres vivos que sempre aprendemos na escola, poderíamos dizer que os vírus estão no meio do caminho entre os seres vivos e não vivos, numa espécie de zona cinzenta. Isto é, apesar deles possuírem várias características que podem caracterizá-los como seres vivos, eles não possuem todas as necessárias!

Em casos como este, cabe aos cientistas reverem estes limites – a definição do que é um ser vivo, por exemplo – afinal, a biologia não é uma ciência exata e sempre há exceções. Os vírus parecem ser uma delas. Todas estas evidências encontradas levam a crer que os vírus são sim seres vivos, porém desprovidos de células. Atualmente, grande parte da comunidade científica já reconsidera a reclassificação destes organismos e parece que estamos caminhando rumo à sua inclusão definitiva no seleto grupo dos seres vivos!

Dois vírus gigantes e complexos são descobertos no Brasil

Resultado de imagem para Tupanvirus

Descobertos no Brasil, dois vírus gigantes e complexos, com um genoma jamais visto anteriormente, podem revolucionar e fundamentar a discussão de que vírus são seres vivos, além de causar mudanças na árvore evolutiva e na classificação dos 3 domínios da vida.

Vivendo em condições primitivas, semelhantes àquelas que deram origem aos primeiros seres vivos do Planeta, dois novos vírus – gigantes e geneticamente complexos – foram descobertos no Brasil. Tão poderosos e complexos que receberam o nome do deus do trovão: Tupanvirus. Não que ele seja uma ameaça à vida na terra.

Apesar de serem complexos e gigantes, os supervírus não causam doenças e tem preferência por infectar amebas. O poder deles está muito além da capacidade infecciosa. A descoberta e o estudo desses microrganismos podem mudar a classificação dos 3 domínios da vida, proposta e aceita desde 1977, e dar um fim naquela discussão de que vírus não são seres vivos.

Os dois Tupanvirus foram encontrados em ambientes aquáticos: um deles nas lagoas salinas e alcalinas que ficam na região de Corumbá (MS), pelo pesquisador brasileiro Ivan Bergier. O outro em sedimentos marinhos coletados por um robô da Petrobrás, a aproximadamente 3 mil metros de profundidade, na Região da Bacia de Campos (RJ). Eles podem atingir o tamanho de até 2,3 micrômetros (1 micrômetro corresponde a 1 milionésimo de metro), possuem cerca de 1,5 milhões de pares de bases de DNA, e podem codificar até 1.425 tipos de proteínas. A capacidade desses vírus gigantes garantiu a eles o título de vírus com a maior capacidade de síntese de proteínas já visto, e com esse conjunto completo de genes, eles tornam-se menos dependentes do parasitismo celular!

Resultado de imagem para Tupanvirus

Além de possuírem 1/3 dos seus genes completamente novos e desconhecidos, os Tupanvirus possuem genes semelhantes aos que existem nos 3 grandes domínios da vida: Archaea (organismos procariontes e quimiotróficos), Bacteria (organismos procariontes e unicelulares) e Eukarya (organismos eucariontes). Com o genoma bastante sofisticado, eles ressuscitam uma grande discussão de 2003 em relação aos mimivírus. Na época, os mimivírus foram identificados como os vírus com o maior capsídeo já visto (o capsídeo é a camada externa e proteica que envolve o material viral), eram capazes de carregar genes que reparavam, replicavam, transcreviam e traduziam o DNA, e que poderiam ser infectados por um outro vírus. O compartilhamento de tantas características com os seres vivos, e a capacidade de adquirir doenças (assim como nós), levou os pesquisadores a considerarem o vírus como um ser vivo, tirando ele do grupo “sem reino”. Pois agora essa discussão voltou.

Isso significa que eles podem ser um elo perdido na evolução dos microrganismos e ainda fundamenta a discussão de que vírus são sim seres vivos. Os pesquisadores ainda acreditam em 3 hipóteses: a 1ª é que os vírus gigantes evoluíram de um ancestral mais simples, a partir da aquisição de genes infectados. A 2ª é a de que os ancestrais dos Tupanvirus eram ainda mais gigantes e complexos, e que ao longo do tempo perderam os genes dispensáveis. Uma 3ª hipótese acredita que os Tupanvirus podem representar a criação de um 4º domínio da vida. Três hipóteses e um fato: este é só o início de um grande debate científico e uma possível revolução na árvore evolutiva.

Fontes: Nature 2008; Science Advances 2015; Nature 2016; Embrapa, Nature Communications.

God bless you!
See you later. Take care!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS ALIMENTÍCIOS

  Por ocorrência do aumento da população mundial e, consequentemente, a busca pela sobrevivência e melhoria na qualidade de vida dos seres v...