A comercialização de bebidas energéticas tem
aumentado na última década e a sua fácil acessibilidade a crianças e adolescentes
têm contribuído para uma tendência crescente no seu consumo. Dados recentes
sugerem que o consumo de bebidas energéticas tende a aumentar, mais do que o
dobro em crianças dos 2 aos 11 anos.
Energético é uma
bebida que estimula o metabolismo e tem como finalidade fornecer energia,
diminuindo sintomas como o sono e o cansaço. Esse tipo de bebida apresenta em
sua composição substâncias capazes de atingirem nosso córtex cerebral, inibindo
a ação da adenosina, um neurotransmissor que induz ao sono. A bebida é
largamente consumida por atletas em rotina de competição com o intuito de
melhorar o rendimento esportivo. As bebidas
energéticas, ricas em substâncias como cafeína
e taurina, devem ser consumidas com
moderação, pois podem sobrecarregar o coração.
As bebidas
energéticas são publicitadas como benéficas ao desempenho físico e
intelectual, estado de alerta e humor, não alertando para os possíveis efeitos
não desejados associados à sua ingestão excessiva ou continuada. Os possíveis
riscos associados ao seu consumo e, principalmente, em grupos de maior
suscetibilidade e em crescimento, como as crianças e adolescentes, tende a
suscitar interesse na comunidade científica, e pode representar uma ameaça
significativa para a saúde pública devido ao marketing agressivo dirigido aos
jovens combinado com a falta de regulamentação destas bebidas.
A maioria não dá bola para o que o rótulo
avisa: energéticos não devem ser tomados junto com bebidas alcoólicas. Criados
para serem consumidos puros antes de atividades físicas, eles acabaram fugindo
do objetivo inicial e caíram no gosto dos baladeiros como companhia para whisky
e vodca.
Existem no mercado muitas marcas de
energéticos, cada qual diferindo em sua composição. A base da formulação
consiste na presença de taurina, cafeína e açúcar. A cafeína é um
estimulante que age no sistema nervoso central, inibindo o sono e, consequentemente
deixando o indivíduo em estado de alerta. Já a taurina, é um aminoácido
sintetizado, principalmente, no fígado e cérebro, que ajuda na regulação dos
níveis de água e sais minerais do sangue, além de atenuar a fadiga muscular.
A composição é uma espécie de bomba enlatada.
Um dos ingredientes, a cafeína, pode aparecer com até 35 mg a cada 100 ml. E o
que acontece no corpo? Os efeitos estão relacionados com a quantidade, claro:
doses de até 2 mg por quilo corporal provocam estado de vigília, diminuição da
sonolência, alívio da fadiga e aumento da respiração, da frequência cardíaca,
da produção de urina e do metabolismo. Já altas dosagens, como de 15 mg por
quilo, podem gerar nervosismo, insônia, tremores e desidratação.
A ingestão média diária de taurina entre os
consumidores de bebidas energéticas é de aproximadamente 0,4 gramas, aumentando
para cerca de 1,0 grama entre altos consumidores. A concentração de taurina
contida nos energéticos é mais alta que a quantidade encontrada em outros
produtos.
Além disso, sem querer estragar mais o treino
ou a balada de ninguém, mas já estragando, o risco de sobrecarga do coração
existe. Estudos relatam que a combinação de taurina e cafeína de que são feitas
essas bebidas causa aumento do trabalho cardíaco. Por isso, cuidado: o consumo
aliado a uma grande quantidade de atividade física pode levar a isquemia do
miocárdio, por aumentar as contrações do músculo.
As bebidas desportivas são muitas vezes alvo
de confusão com as bebidas energéticas e como tal devem ser distinguidas. As
primeiras são não gaseificadas, contêm hidratos de carbono, minerais,
eletrólitos, importantes para a manutenção do balanço hidroeletrolítico, e
algumas vitaminas. Estas são produzidas com o intuito de repor perdas durante o
exercício físico, mas são desnecessárias num indivíduo com atividade física
casual e dieta equilibrada, não sendo recomendada a sua utilização em crianças.
As segundas são denominadas como energéticas, pois contêm estimulantes, tais
como a cafeína, guaraná, taurina, ginseng, carnitina, glucoronolactona,
possuindo diferentes quantidades de hidratos de carbono, proteínas, aminoácidos,
vitaminas e outros minerais.
C6H8O6 –
Glucoronolactona
Esse metabólito formado no fígado a partir da
glicose está na receita de algumas marcas. Alguns estudos apontam que melhora a
memória, é antidepressivo e estimulante.
C2H7No3S – Taurina
Um dos aminoácidos mais abundantes no corpo
humano. Apesar de ser encontrada em vários alimentos, geralmente a taurina
usada em energéticos é sintetizada quimicamente.
C8H10N4O2 –
Cafeína
Alcaloide capaz de estimular o sistema
nervoso central, o que causa estado de alerta de curta duração. A sensação de
revigoramento é gerada pela ação do neurotransmissor adenosina.
RISCOS À SAÚDE
Um estudo ecocardiográfico demonstrou um
aumento na força de contração do músculo cardíaco uma hora após a ingestão de
bebida energética contendo taurina e
cafeína em sua composição, sugerindo
um efeito positivo exercido por esses compostos, atribuído especialmente à ação
da taurina, fato preocupante em relação ao desencadeamento de arritmias.
Ainda com base na ecocardiografia, foi
demonstrado um aumento no risco de acidente vascular cerebral após o consumo de
energéticos contendo cafeína e taurina em comparação com os controles
que receberam as variantes do mesmo energético contendo apenas cafeína ou nem
cafeína nem taurina, respectivamente. Além disso, foi demonstrado que adicionar
taurina à cafeína não aumentou ou reduziu significativamente o efeito da
cafeína.
PESSOAS SAUDÁVEIS DEVEM INGERIR COM MODERAÇÃO
Estudos adicionais ainda devem ser realizados
para abordar os efeitos a longo prazo da taurina, principalmente em indivíduos
que já apresentem doença cardiovascular. Assim sendo, adultos com problemas
cardíacos devem evitar o consumo de bebidas energéticas. Já indivíduos
saudáveis precisam ficar atentos em relação à quantidade ingerida, por conta da
sobrecarga cardíaca induzida por esse tipo de bebida.
Fonte: Revista Galileu; Revista Veja; Han E,
Powell LM. Consumption patterns
of sugar-sweetened beverages in the United States. J Acad Nutr Diet.
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