SISTEMÁTICA
E TAXONOMIA
No
estudo dos seres vivos, notamos uma enorme biodiversidade, diferentes formas de
vida com diferentes hábitats e complexos mecanismos de adaptações aos
ecossistemas de nossa biosfera.
Nas
ciências, a classificação dos objetos, elementos químicos e dos seres vivos é
feita para facilitar o estudo das diversas áreas do conhecimento, como a
Biologia, a Química, a Física, entre outras.
Os
seres vivos são classificados por meio de critérios preestabelecidos, isto é,
usamos regras de classificação de acordo com a necessidade e com o sistema de
classificação adotado.
O
conhecimento da organização microscópica das células trouxe subsídios para
elaboração de diferentes sistemas de classificação.
Assim,
os sistemas de classificação dos seres vivos, desde a época de Aristóteles até
os dias de hoje, sofreram muitas mudanças, o que caracteriza a taxonomia como
uma ciência muito dinâmica no campo das ciências biológicas.
OS
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO
A
primeira tentativa de classificação foi feita pelo filósofo grego Aristóteles
(384 - 322 a.C), considerado o “pai da zoologia”, que dividia os animais
conhecidos como vertebrados, ou animais de sangue vermelho, e invertebrados, ou
animais sem sangue vermelho, e foi utilizada por cerca de 2 000 anos.
Sistemas
de classificação como esse, que utilizam um único critério para separar os organismos
em grupos, ficaram conhecidos como artificiais, pois faziam uso apenas dos caracteres
macroscópicos.
Na
metade do século XVII, o inglês John Ray (1627-1705) tentou catalogar e dispor sistematicamente
todos os organismos do mundo. Foi também o primeiro a usar o termo espécie para
designar um certo tipo de organismo.
Entretanto,
a partir do século XVIII, os sistemas de classificação tornaram-se naturais,
usando critérios objetivos com dados fornecidos pela morfologia, fisiologia,
ecologia e embriologia.
Karl
Von Linnaeus, ou simplesmente Lineu
(1707– 1778), foi um dos primeiros pesquisadores a propor um sistema de
classificação natural. Em 1758, no seu Systema Naturae, dividiu os animais
conhecidos em mamíferos, aves, anfíbios (incluíram os répteis), peixes, insetos
e vermes (que incluíam todos os outros invertebrados), subdividindo cada grupo
até as espécies. Propôs também regras para a nomenclatura dos seres vivos com o
uso de palavras latinas. Lineu viveu antes de Darwin e, portanto, antes do estabelecimento
da Teoria da Evolução.
Além
do mais, era conhecida uma diversidade muito menor de animais, em sua maioria vertebrados,
quando sabemos hoje que os invertebrados representam cerca de 95% das espécies
conhecidas. Por isso, seu sistema de classificação apresentava muitas
limitações. Apesar disso, o princípio de seu sistema foi a base para o atual
método de classificação, estabelecido graças a diversos trabalhos realizados
nos séculos seguintes.
As
tentativas de ordenar e classificar os animais produziram um ramo da Biologia
conhecido como Taxonomia ou Biologia Sistemática, que procura determinar as
regras e os princípios que regem a moderna classificação. A Taxonomia apresenta
duas subdivisões importantes: a classificação, que é o arranjo dos tipos de
seres vivos em uma hierarquia de grupos menores e maiores; e a nomenclatura,
que é o método de dar nomes aos tipos de seres vivos a serem classificados. Sua
finalidade é mostrar níveis de parentesco entre os organismos, baseado na evolução.
Durante
muito tempo, todos os organismos eram classificados em dois reinos: animal e vegetal.
Essa divisão já era feita por Lineu. As plantas fazem fotossíntese e são
geralmente imóveis, enquanto os animais precisam obter alimento comendo plantas
ou outros animais e, geralmente, movimentam-se.
Com
o aperfeiçoamento do microscópio comum observou-se que os microrganismos
incluídos nos dois reinos acima apresentavam características peculiares, que os
diferenciavam de plantas e animais. O desenvolvimento da microscopia eletrônica
trouxe novos conhecimentos a respeito da estrutura e fisiologia das células e
então uma nova divisão foi feita para os microrganismos.
Posteriormente,
o avanço das pesquisas, retirou os fungos do reino vegetal. Tudo isso ampliou o
universo dos seres conhecidos e levou à criação de novos reinos.
Nessa
classificação, são adotados critérios de organização celular (procarionte e
eucarionte) e modos de alimentação, como ingestão nos animais e absorção de
nutrientes pelos fungos.
As
classificações mais recentes admitem o sistema de classificação de Whittaker,
elaborado em 1969, no qual os seres vivos foram divididos em cinco reinos:
Monera, Protista, Fungi, Metaphyta ou Plantae e Metazoa ou Animalia.
(Anabaena sp - cianobactéria)
REINO MONERA – compreende
as bactérias e cianobactérias (algas azuis), organismos unicelulares e procariontes,
ou seja, estão ausentes de sua célula a membrana nuclear e as organelas
citoplasmáticas membranosas.
PROTISTA –
compreende algas e protozoários, seres unicelulares sempre eucariontes (são aqueles
cujas células contêm membrana nuclear e organelas citoplasmáticas membranosas).
FUNGI -
os fungos são organismos unicelulares ou pluricelulares, com destaque para os bolores,
mofos e cogumelos. Apesar de heterótrofos e armazenadores de açúcares
tipicamente animais, possuem uma estrutura corporal e reprodução semelhante às
dos vegetais.
REINO METAPHYTA (PLANTAE) –
as plantas são seres pluricelulares (raros representantes unicelulares),
eucariontes, quase todas autótrofas, produzindo o próprio alimento pela realização
da fotossíntese.
REINO METAZOA (ANIMALIA) -
os animais também são pluricelulares, eucariontes, mas são heterótrofos e
dependem de outros seres para se alimentar.
AS CATEGORIAS
TAXONÔMICAS
São
grupos de tamanhos variáveis nos quais os organismos são incluídos de acordo
com a quantidade de semelhanças que apresentam. O reino é a maior categoria
utilizada na classificação biológica. A menor categoria chama-se espécie, termo
que usualmente é usado para indicar um certo tipo de ser vivo, mas que pode ser
mais bem definida como “um grupo de organismos extremamente semelhantes, que
apresentam em suas células a mesma quantidade de cromossomos e que podem se
cruzar, produzindo descendentes férteis”. Geralmente, indivíduos de espécies
diferentes não se cruzam, embora, ocasionalmente, sejam produzidos híbridos estéreis
entre espécies diferentes. Como exemplo bem conhecido, existe o caso do jumento
e da égua, indivíduos de espécies diferentes, que podem se cruzar em cativeiro,
mas cujos descendentes, o burro e a mula, são estéreis. Entre os vegetais,
existem casos em que cruzamentos entre plantas de espécies diferentes podem
originar híbridos férteis.
Entre
o nível de espécie e o nível de reino, Lineu e outros taxonomistas
acrescentaram várias categorias:
Reino - degrau ou categoria mais ampla, onde é maior o número
de indivíduos e a semelhança é pouca.
Filo ou Divisão - conjunto de classes.
Classe -
conjunto de ordens.
Ordem - conjunto de famílias.
Família - conjunto de gêneros.
Gênero - conjunto de espécies.
Espécie - unidade de classificação, degrau ou categoria menor,
onde existe o menor número de indivíduos e onde a semelhança entre eles é muito
grande.
Espécie - É
o conjunto de indivíduos semelhantes que quando cruzados entre si, produzem
descendentes férteis.
Conforme
se avança de espécie para reino, ou seja, da menor categoria para a maior categoria,
passando pelos vários níveis intermediários, a diversidade entre os seres vai aumentando,
e, em contrapartida, a quantidade de semelhanças entre eles vai diminuindo. As categorias
taxonômicas fundamentais podem ser subdividas ou reunidas em várias outras, como
os subgêneros e as superfamílias.
A NOMENCLATURA CIENTÍFICA
Os
primeiros zoólogos elaboravam classificações com uma nomenclatura particular,
para uso próprio. Dessa forma, um mesmo ser vivo, estudado por vários
cientistas, poderia receber inúmeros nomes distintos, dentro de um mesmo país
ou entre países diferentes, em razão das diferenças de idioma. O cão doméstico,
por exemplo, é conhecido por mais de 800 nomes diferentes no mundo todo: dog
(inglês), chien (francês), cane (italiano), perro (espanhol), inu (japonês),
etc.
Para
acabar com a confusão resultante dessa situação, foi adotada para os seres
vivos uma nomenclatura única, universal, fundamentada em regras internacionais,
adotadas a partir de 1901, com base nos trabalhos feitos por Lineu no século
XVIII. As principais regras são as seguintes:
1.
Os nomes científicos devem ser escritos em latim ou com uma palavra latinizada.
A escrita em latim evita variação do nome científico das espécies, pois o latim
é uma língua “morta”, isto é, não é mais utilizada e, portanto, não há mudanças
em seu modo de escrever.
Exemplo:
Canis
familiaris (cachorro doméstico) Trypanosoma cruzi
(protozoário).
2.
O nome da espécie deve ser destacado do restante de texto; o destaque pode ser
o itálico, ou o negrito ou sublinhado.
Exemplo:
Canis familiaris; Canis familiaris; Canis familiaris.
3.
A nomenclatura é binomial, ou seja, todo ser vivo deve ter o seu nome
científico com pelo menos duas palavras: a primeira para o gênero e a segunda
para a espécie.
Exemplo:
Araucaria
angustifolia (pinheiro-do-paraná), Araucaria é o nome do gênero e o conjunto
dos dois nomes (Araucaria angustifolia) designa a espécie. É errado utilizar o
segundo nome isoladamente.
4.
O nome do gênero é um substantivo e deve ser escrito com inicial maiúscula,
enquanto o nome da espécie é um adjetivo e deve ser escrito com inicial
minúscula.
Exemplo:
Felis
catus (gato).
5.
Quando existe subespécie, o nome que a designa deve ser escrito depois do nome
da espécie, sempre com inicial minúscula.
Exemplo:
Rhea
americana alba (ema branca).
6.
Quando existe subgênero, o nome que o designa deve ser escrito depois do nome
do gênero, entre parênteses e com inicial maiúscula.
Exemplo:
Anopheles
(Nyssorhinchus) darlingi (mosquito-prego, transmissor da malária).
10 ESPÉCIES NOMEADAS EM HOMENAGEM À FAMOSOS
Os
nomes científicos das espécies são às vezes muito estranhos, não é mesmo? Quem
nunca se perguntou “como é que se fala esse nome?” ao se deparar com aqueles
nomes difíceis da biologia como Drosophila melanogaster ou Trypanosoma
cruzi.
Esses
nomes são escolhidos pelos cientistas que descrevem a espécie quando ela é
descoberta e não há uma regra para essa escolha. Os pesquisadores podem
escolher o nome que quiserem, mas, em geral, eles costumam fazer referência às
características da espécie, ao local onde ela se encontra ou a alguém que se
quer homenagear, usualmente outros cientistas.
Mas
muitos inovam na hora de nomear uma espécie e homenageiam também pessoas famosas.
Veja abaixo as personalidades que já tiveram espécies batizadas em sua
homenagem!
1) Beyoncé
A
diva do pop Beyoncé teve uma espécie de mosca (Scaptia beyonceae)
nomeada em sua homenagem. E aí, achou parecida?
2) Shakira
E
a Beyoncé não foi a única diva do pop homenageada. A vespa (Aleiodes
shakirae) foi nomeada em homenagem à colombiana Shakira.
3) Jennifer
Lopez
E
essa espécie de ácaro que foi nomeada de (Litarachna lopezae) por causa da
Jennifer Lopez. O que será que levou os pesquisadores a associarem esta espécie
com a JLo?
4) Bob Marley
Ainda
no mundo da música, Bob Marley inspirou o nome de uma espécie de crustáceo – a (Gnathia
marleyi).
5) Angelina
Jolie
A
maravilhosa Angelina Jolie também não ficou de fora. Cientistas americanos
batizaram uma espécie de aranha como (Aptostichus angelinajolieae) em sua
homenagem! Será que não tinham uma espécie mais bonitinha para homenagear a
Angelina?
6) Kate
Winslet
Até
a Rose de titanic (Kate Winslet) teve uma espécie nomeada em sua homenagem: o
besouro (Agra katewinsletae). E aí, ele merece um Oscar?
7) Ronaldinho
gaúcho
Jogadores
de futebol também são homenageados. Uma espécie de abelha encontrada no Brasil foi
nomeada de (Eulaema quadragintanovem) em referência ao número (49) da
camisa que Ronaldinho Gaúcho usava pelo Atlético Mineiro.
8) Barack
Obama
Barack
Obama, o ex-presidente dos EUA teve não uma nem duas espécies em sua homenagem,
mas NOVE – mais do que qualquer um dos seus antecessores. Espécies de Aranha (Aptostichus
barackobamai), peixes (Etheostoma Obama e Teleogramma
obamaorum), passarinho (Nystalus obamai) e até verme (Paragordius
obamai) foram nomeadas em homenagem ao ex-presidente.
9) Donald
Trump
Donald
Trump mal assumiu a presidência dos EUA e já tem uma espécie batizada em sua homenagem.
A mariposa (Neopalpa donaldtrumpi).
10) Príncipe
Charles
Nem
o príncipe Charles ficou de fora. A espécie rara de sapo (Hyloscirtus princecharlesi)
foi nomeada em sua homenagem.
E
você, se fosse um cientista, quem homenagearia?
God bless you!
See you later. Take care!