A
trissomia do cromossomo 21 foi descrita pela primeira vez pelo médico britânico
John Langdon Down – por isso recebeu o nome Síndrome de Down. Menos de cem anos
após sua descrição, em 1933, alguns conceitos básicos da síndrome já haviam sido
estudados, e já neste período a trissomia (um dos pares de cromossomos
homólogos apresenta um cromossomo a mais) passou a ser associada ao aumento da
idade materna.
Apenas
na década de 1960, porém, alguns estudos iniciais confirmaram esta associação, ainda
que os pesquisadores não conseguissem compreender seus motivos genéticos ou bioquímicos. Recentemente, análises em larga escala
possibilitaram estudos dos gametas humanos e seus cromossomos, permitindo um
maior entendimento das reais origens desta e de outras trissomias.
Atualmente,
após a análise de milhares de diferentes casos, os pesquisadores puderam
afirmar com maior embasamento que a grande maioria das trissomias deriva de
erros meióticos ocorridos no material genético materno. De acordo com um estudo
americano, por exemplo, apenas 5% dos casos de trissomia derivam de erros
meióticos ocorridos no material genético paterno.
A
trissomia do cromossomo 21 é a mais comum de ocorrer, e também a que leva a uma
maior compatibilidade com a vida. Cópias extras dos cromossomos 13 ou 18
(Síndromes de Patau e Edwards, respectivamente), por exemplo, levam a
alterações severas nos indivíduos, muitos deles não sobrevivendo por mais que uma
semana após o parto.
A
aneuploidia – número anormal de cromossomos – do cromossomo 21 resulta,
principalmente, da não disjunção dos cromossomos durante a meiose I. Ao contrário
do que normalmente ocorrem, estes cromossomos permanecem unidos e são transportados
juntos para um dos polos que darão origem aos gametas. Quando a não disjunção
ocorre durante a meiose II, são as cromátides irmãs que permanecem unidas.
Este
processo de não disjunção é comum, podendo ocorrer em até 10% das meioses femininas.
Porém, as chances de erros durante a meiose feminina aumentam drasticamente após
os 35 anos de idade, aumentando os riscos de ocorrência de aneuploidia,
especialmente as trissomias. Para compreender a relação da idade materna com a
não disjunção cromossomal, é necessário compreender o processo de ovogênese –
processo de formação dos gametas – humano.
A
ovogênese tem seu início ainda durante o período fetal, quando as células
germinativas femininas iniciam os processos de mitose e crescimento celular.
Quando chegam ao estágio de ovócito primário, todas as células reprodutivas
cessam sua divisão, durante a prófase I da meiose. Com a menarca – primeira
menstruação da mulher – os ovócitos primários completam o processo de meiose e,
a cada mês, vão sendo liberados.
Assim,
durante aproximadamente 45 anos, os ovócitos primários finalizam o processo meiótico
e são liberados durante a ovulação – mais corretamente denominada ovocitação. Acredita-se
que, com o passar dos anos, estes ovócitos tornam-se mais “velhos”, e, com isto,
aumentam as chances de ocorrência de erros durante a meiose. Fatores que podem alterar-se
com o passar do tempo e contribuir para a ocorrência de erros são a destruição das
fibras cromossômicas ou a deterioração dos centrômeros – região que prende o cromossomo
ao seu fuso.
Além
disso, em muitos casos de ocorrência de aneuploidias, o próprio organismo
percebe o erro ocorrido e tende a abortar espontaneamente o embrião, uma vez
que sua viabilidade é muito mais baixa. Esta capacidade de aborto pode ser diminuída,
porém, em mulheres de maior idade, o que também contribui para o aumento na quantidade
de crianças nascidas com trissomias.
Como
já comentado anteriormente, erros meióticos ocorridos durante a formação dos gametas
não são encontrados apenas em indivíduos do sexo feminino. A ocorrência de trissomias
devido a erros na meiose masculina, porém, possui uma prevalência muito mais
baixa na população, e é, por este motivo, muito menos estudada pela ciência.
Fonte:
National Institutes of Health e Portal de Periódicos da UEM.
God bless you!
See you later. Take care!
Interessante👏👏👏👏👏👏
ResponderExcluirMuito bom! Obrigado!
ResponderExcluirObrigado!
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