As
mitocôndrias são a “fábrica de
energia” das células: através de complexos processos bioquímicos, transformam
moléculas de glicose em ATP, que é utilizado
como energia para todos os demais processos celulares. Até então, tinha-se como
verdade universal o fato de que todas as células eucariontes possuem
mitocôndrias, mas uma descoberta recente parece ter colocado um fim a esta
afirmação.
Enquanto
analisavam microrganismos coletados do intestino de uma chinchila,
pesquisadores da Universidade Charles, da República Checa, encontraram uma
espécie eucarionte do gênero Monocercomonoides.
A equipe resolveu então estudar estes organismos mais a fundo, e acabou
descobrindo a primeira espécie
eucarionte sem mitocôndrias!
Para
entender como os pesquisadores descobriram este fato intrigante, primeiramente
precisamos compreender como as mitocôndrias foram parar nas células
eucariontes. A teoria mais aceita é que isto aconteceu através de um processo
denominado endossimbiose. Há milhões
de anos, as mitocôndrias eram organismos procariontes de vida livre que acabaram
sendo fagocitados por organismos protoeucariontes, ou seja, organismos mais
parecidos com o que denominamos atualmente como eucariontes.
Normalmente,
as bactérias fagocitadas seriam digeridas pelos organismos. Porém, de alguma
forma, elas foram mantidas, e acabaram tornando-se parte das células que as
fagocitaram, tornando-se, então, as organelas responsáveis pela produção de
energia – as mitocôndrias. Uma das evidências para esta teoria é o fato de que
as mitocôndrias possuem DNA próprio,
similar ao DNA de organismos procariontes e com capacidade de autoduplicação.
Baseado
na teoria da endossimbiose, os pesquisadores
analisaram o genoma da nova espécie em busca do DNA mitocondrial – aquele encontrado apenas nas mitocôndrias.
Surpreendentemente, a espécie não apresentou nenhum sinal deste tipo de DNA.
Além disso, os pesquisadores também não conseguiram encontrar nenhuma proteína
relacionada à função das mitocôndrias, fortalecendo a hipótese de que a espécie
de fato não apresenta esta organela.
Mas,
como pode um organismo viver sem uma das organelas mais importantes para as
células? Como estes organismos produzem energia para realizar suas atividades
bioquímicas? Isto pode ser explicado pelo ambiente em que estes organismos
vivem. As mitocôndrias utilizam oxigênio
para produzir energia, e o intestino das chinchilas, onde vivem os Monocercomonoides, é um local
extremamente pobre em oxigênio.
Desta
forma, as mitocôndrias não fariam falta para os Monocercomonoides. Acredita-se
que estas células tenham perdido suas mitocôndrias, e como esta perda não
trouxe nenhum prejuízo a estes organismos, eles conseguiram sobreviver e se
reproduzir.
Outros
organismos relacionados aos Monocercomonoides,
como os parasitas do gênero Giardia,
também vivem em ambientes com baixa exposição ao oxigênio. Estas espécies,
porém, possuem mitocôndrias reduzidas ou modificadas (como mitossomos ou
hidrogenossomos, que são organelas relacionadas às mitocôndrias), mas, ainda assim,
as possuem. Os Monocercomonoides,
todavia, não apresentam qualquer indício de possuírem mitocôndria ou organela
relacionada.
Para
driblar a ausência de mitocôndrias, as células dos Monocercomonoides utilizam um sistema alternativo, através do qual
as moléculas de glicose são fosforiladas em uma via estendida da glicólise,
produzindo ATP. Além disso, outras três enzimas envolvidas na produção de ATP
puderam ser identificadas nesta espécie, indicando que o organismo utiliza-se
de mais de uma via para sua produção de energia. A situação é similar à
encontrada em organismos como a Giardia e
a Entamoeba, que possuem mitocôndrias
reduzidas.
A
partir de agora, os pesquisadores pretendem realizar análises em microscopia
eletrônica, comprovando visualmente a ausência de mitocôndrias nestes
organismos. De qualquer forma, os indícios bioquímicos apresentados já são
fortes o suficiente para que a biologia nos comprove, mais uma vez, que nunca
podemos ter certeza de nada!
Fonte:
Current Biology.
God bless you!
See you later. Take care!
Eucariontes e Procariontes, lembro desses assuntos no ensino médio. ☺👏
ResponderExcluirKkkkkk. Um grande abraço!
ExcluirÓtimo assunto meu professor
ResponderExcluirValeu, obrigado!
ExcluirUm belo assunto querido professor
ResponderExcluirUm grande abraço! Obrigado!
ExcluirGratidão!
ExcluirMuito bom esse assunto, obrigado meu irmão!
ResponderExcluirBeleza queridão! Obrigado!
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