terça-feira, 6 de agosto de 2019

TODOS OS EUCARIONTES POSSUEM MITOCÔNDRIAS? NÃO!

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As mitocôndrias são a “fábrica de energia” das células: através de complexos processos bioquímicos, transformam moléculas de glicose em ATP, que é utilizado como energia para todos os demais processos celulares. Até então, tinha-se como verdade universal o fato de que todas as células eucariontes possuem mitocôndrias, mas uma descoberta recente parece ter colocado um fim a esta afirmação.

Enquanto analisavam microrganismos coletados do intestino de uma chinchila, pesquisadores da Universidade Charles, da República Checa, encontraram uma espécie eucarionte do gênero Monocercomonoides. A equipe resolveu então estudar estes organismos mais a fundo, e acabou descobrindo a primeira espécie eucarionte sem mitocôndrias!

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Para entender como os pesquisadores descobriram este fato intrigante, primeiramente precisamos compreender como as mitocôndrias foram parar nas células eucariontes. A teoria mais aceita é que isto aconteceu através de um processo denominado endossimbiose. Há milhões de anos, as mitocôndrias eram organismos procariontes de vida livre que acabaram sendo fagocitados por organismos protoeucariontes, ou seja, organismos mais parecidos com o que denominamos atualmente como eucariontes.

Normalmente, as bactérias fagocitadas seriam digeridas pelos organismos. Porém, de alguma forma, elas foram mantidas, e acabaram tornando-se parte das células que as fagocitaram, tornando-se, então, as organelas responsáveis pela produção de energia – as mitocôndrias. Uma das evidências para esta teoria é o fato de que as mitocôndrias possuem DNA próprio, similar ao DNA de organismos procariontes e com capacidade de autoduplicação.

Baseado na teoria da endossimbiose, os pesquisadores analisaram o genoma da nova espécie em busca do DNA mitocondrial – aquele encontrado apenas nas mitocôndrias. Surpreendentemente, a espécie não apresentou nenhum sinal deste tipo de DNA. Além disso, os pesquisadores também não conseguiram encontrar nenhuma proteína relacionada à função das mitocôndrias, fortalecendo a hipótese de que a espécie de fato não apresenta esta organela.

Mas, como pode um organismo viver sem uma das organelas mais importantes para as células? Como estes organismos produzem energia para realizar suas atividades bioquímicas? Isto pode ser explicado pelo ambiente em que estes organismos vivem. As mitocôndrias utilizam oxigênio para produzir energia, e o intestino das chinchilas, onde vivem os Monocercomonoides, é um local extremamente pobre em oxigênio.

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Desta forma, as mitocôndrias não fariam falta para os Monocercomonoides. Acredita-se que estas células tenham perdido suas mitocôndrias, e como esta perda não trouxe nenhum prejuízo a estes organismos, eles conseguiram sobreviver e se reproduzir.

Outros organismos relacionados aos Monocercomonoides, como os parasitas do gênero Giardia, também vivem em ambientes com baixa exposição ao oxigênio. Estas espécies, porém, possuem mitocôndrias reduzidas ou modificadas (como mitossomos ou hidrogenossomos, que são organelas relacionadas às mitocôndrias), mas, ainda assim, as possuem. Os Monocercomonoides, todavia, não apresentam qualquer indício de possuírem mitocôndria ou organela relacionada.

Para driblar a ausência de mitocôndrias, as células dos Monocercomonoides utilizam um sistema alternativo, através do qual as moléculas de glicose são fosforiladas em uma via estendida da glicólise, produzindo ATP. Além disso, outras três enzimas envolvidas na produção de ATP puderam ser identificadas nesta espécie, indicando que o organismo utiliza-se de mais de uma via para sua produção de energia. A situação é similar à encontrada em organismos como a Giardia e a Entamoeba, que possuem mitocôndrias reduzidas.

A partir de agora, os pesquisadores pretendem realizar análises em microscopia eletrônica, comprovando visualmente a ausência de mitocôndrias nestes organismos. De qualquer forma, os indícios bioquímicos apresentados já são fortes o suficiente para que a biologia nos comprove, mais uma vez, que nunca podemos ter certeza de nada!

Fonte: Current Biology.

God bless you!
See you later. Take care!

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