domingo, 10 de novembro de 2019

TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA: O QUE É E PARA QUE SERVE?

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Hoje quero falar de um assunto muito importante: o transplante de medula óssea. Aposto que você já ouviu falar sobre isso muitas vezes, seja em campanhas chamando doadores, seja em alguma história de alguém doente que precisou deste tipo de transplante. Mas se eu perguntar para você o que é isso, você saberia responder? Se não, por gentileza, preste atenção a seguir, estas são informações úteis e você poderá depois sair por aí explicando para todo mundo.

Antes, de mais nada, quero esclarecer o que é a medula óssea. Talvez você já saiba, mas não custa relembrar: os ossos são ocos e preenchidos por um tecido líquido-gelatinoso (aquela parte que é chamada por muitos de tutano) onde são produzidos os componentes do nosso sangue. Isso mesmo, é na medula que são produzidas as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. As hemácias transportam o oxigênio e o gás carbônico no nosso sangue, os leucócitos fazem parte do nosso sistema de defesa e as plaquetas compõem o sistema de coagulação sanguínea. Já deu para perceber o quão importante ela é, não? Imagina, então, se temos problemas para produzir o que é tão essencial!

Algumas pessoas são acometidas de doenças que afetam a medula ou a produção de algum destes componentes e um tratamento indicado é o transplante de medula óssea, ou seja, a substituição da medula doente ou deficitária por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituir a partir de uma medula saudável. O transplante pode ser autogênico, quando a medula vem do próprio paciente, ou alogênico, quando vem de um doador. O transplante também pode ser feito a partir de células precursoras de medula óssea, obtidas do sangue de um doador ou do sangue de cordão umbilical. Há ainda a doação silogênica, que é feita de um irmão gêmeo gerado na mesma placenta.

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Exemplos de doenças que têm o transplante de medula óssea como indicação de tratamento: anemia aplástica grave (deficiência na produção das células do sangue), mielodisplasias e em alguns tipos de leucemias (tipo de câncer que compromete os leucócitos), como a leucemia mieloide aguda, leucemia mieloide crônica, leucemia linfoide aguda. No mieloma múltiplo e linfomas, o transplante também pode ser indicado.

No caso da doação autogênica (ou autóloga), as células progenitoras da medula do paciente são coletadas antes do paciente passar por tratamentos de quimioterapia. Essa coleta é criopreservada (preservada sob baixíssima temperatura no momento oportuno do tratamento, ele recebe tais células. Trata-se de uma técnica possível e de baixa mortalidade (comparada à doação alogênica), mas tem alto índice de recidiva (a doença volta a se manifestar) nos casos de neoplasias hematológicas e tumores sólidos.

No caso da doação alogênica, precisando do transplante, o primeiro passo é descobrir quem pode doar. De acordo com as leis genéticas, irmãos de mesmo pai e da mesma mãe têm 25% de chances de ser um doador compatível. Quando não há parente compatível, existe um Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea, o REDOME, um banco de dados que pode indicar se há alguém compatível com o paciente em alguma parte do Brasil. Além deste, existem bancos do exterior também. E você deve estar se perguntando: o que seria uma pessoa compatível? Antes de realizar qualquer transplante, testes de histocompatibilidade precisam ser realizados e neles é determinado que um conjunto de genes que está localizado no cromossomo 6 é igual comparando-se o paciente e o doador. Só assim, é possível fazer o transplante.

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Então, fica a pergunta: o que esse cromossomo 6 tem de tão especial? Ele possui, em seu braço curto, genes que determinam como é o sistema HLA (Human Leukocyte Antigen – Antígeno Leucocitário Humano), nome dado ao complexo principal de histocompatibilidade dos humanos. Este complexo (também encontrado na maioria dos vertebrados) tem um importante papel no sistema imune, na autoimunidade (quando o sistema imune combate células e tecidos do próprio organismo) e no sucesso reprodutivo. Mas especificamente para o assunto que falamos aqui, são esses genes que produzem proteínas encontradas nas membranas das células e que têm o papel de combater e apresentar corpos estranhos (os antígenos) aos leucócitos (linfócitos T). Este complexo, resultante de muitas pressões evolutivas, possui um nível de poligenia e polimorfia surpreendente e, por isso, são muitas as variações. Sua expressão gênica é codominante e, na maioria dos casos, vemos pessoas heterozigotas para a combinação de genes. Por isso, até um irmão (exceto o irmão gêmeo univitelino) tem apenas 25% de chances de ser compatível. Por conta dessa complexidade gênica, cada conjunto de proteínas presente nas células de um indivíduo é único.

Se um paciente receber a medula de um doador que possui genes incompatíveis que, consequentemente, produzirão células com um conjunto de proteínas muito diferente, o corpo do paciente seguramente terá rejeição a essa medula, entendendo-o como um corpo estranho, e o transplante irá falhar, gerando problemas ao paciente. Por isso, são tão importantes os testes de histocompatibilidade.

Através de punções nos ossos da bacia do doador, até 15% da medula dele é aspirada. Em dias, o corpo do doador recupera toda a medula doada. O paciente a recebe como uma transfusão de sangue. A nova medula é rica em células progenitoras e chegam até a medula através da corrente sanguínea e lá se alojam e se desenvolvem. Logo após o transplante e enquanto as células novas ainda não foram produzidas o paciente precisa ficar em ambiente hospitalar para evitar infecções e toda a evolução é acompanhada mesmo depois de sair do hospital.

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Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), hoje já existem mais de 21 milhões de doadores em todo mundo e, no Brasil, o REDOME tem mais de 3 milhões de doadores. Você pode se voluntariar. Para isso, basta buscar o hemocentro mais próximo de sua casa. Lá você dará suas informações para o cadastro, fará a coleta de uma pequena amostra de sangue para que sejam feitos os testes que ficarão no banco e pronto. Caso algum paciente precise da sua medula você será consultado para decidir sobre a doação. O transplante é realizado num ambiente cirúrgico, de maneira segura, com anestesia geral, e requer internação de 24h.

Bem, agora você já sabe tudo: o que é um transplante de medula óssea, sua importância e como é possível fazê-lo. Saia espalhando por aí! Além de conhecer mais sobre a biologia humana você estará propagando informação útil e necessária para tantas pessoas que necessitam de um transplante como este.

God bless you!
See you later. Take care!

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